A política ipuense - I

 

Abílio Martins - Líder político

Ainda hoje em Ipu, no cenário político, há lideranças cujas tradições remontam ao final do século XIX. Embora seu poder já não seja o mesmo, assim como o momento, sobrenomes de antigas lideranças ainda continuam a ecoar na política municipal.

        Na época do império, meados do século XIX, surgiram, no cenário político local, dois grupos antagônicos a disputar o poder. De um lado, os Aragão, herdeiros políticos dos porfírio. Juntaram o apoio dos Bessa Guimarães, que vieram de Sobral para o Ipu junto com a ferrovia (1894). De outro lado, os Martins, cuja liderança tem ligações com o padre Correia, natural de Aracati e o primeiro pároco, de fato, de Ipu, fortalecidos depois  com a adesão da Família José Lourenço.

Política Oligárquica

        Com a montagem da política oligárquica durante a Primeira República (1889-1930), e a ascensão ao poder no Estado do Ceará de Pinto Nogueira Accioly (1896 e 1912) , ainda nos anos finais do século XIX, os Martins  assumem o poder na Terra de Iracema. Governaram até a queda de Franco Rabelo, em 1914, apoiando-se na oligarquia aciolina.

        Em um cenário conturbado dos primeiros anos da segunda década do século XX, os Martins, não apenas são destituídos do poder em detrimento dos Aragão, mas também sofrem perseguições das forças policiais do Estado, cujo episódio mais chocante foi a implacável “caça” ao coronel João Martins da Jaçanã 

        Aliança duradoura: a elite no poder

Joaquim de Oliveira Lima - Líder Político

Após o episódio e as perdas representadas para os dois lados (Martins e Aragão), constrói-se uma aliança duradora entre as tradicionais lideranças políticas de Ipu. Isso lhes permitiu o domínio da máquina pública sem nenhum incidente importante e em paz duradoura até a “Revolução de 1930”. 

O Grande maestro desta nova orquestra, afinada, foi Abílio Martins, sem dúvida, o maior líder político das primeiras décadas do século XX até sua morte em 1923. 

Essa aliança permitiu a José Raimundo de Aragão Filho governar a cidade, como intendente, de 1914 até 1925, onze anos seguidos, e passasse o poder para seus sucessores, coronel Félix Martins e Manoel Vitor de Mesquita.

A “Revolução de 1930”

Abdias Martins - Líder Político
A “Revolução de 1930” e a ascensão ao poder de Getúlio Vargas, não rompeu, em definitivo, com o cenário político anterior, pelo menos em nível local. Afinal, não havia grupo político opositor. 

Joaquim Lima, grande comerciante local, porém, sem muita expressividade política dentro da aliança criada entre Martins e Aragão, foi o interventor escolhido para o Governo. De 1930 a 1935, acomodou no poder as antigas forças, porém, não tendo mais espaço para todos as divergências políticas começaram a surgir. 

Os negligenciados começaram a criar um grupo forte que, mais tarde, chegariam ao poder. Houve uma divisão nas até então alianças construídas e os descontentes com o governo de Joaquim Lima começaram a acusar a sua administração de corrupta.

        Os apoiadores de Joaquim Lima se transformaram em uma força importante. Governaria a Terra de Iracema durante quase todo o período de Getúlio Vargas no poder (1930-1945).

        No período democrático (1946-1964), pode-se dizer, não havia grupos políticos ideologicamente formados, porém, Martins e Aragão, e mais ainda o grupo daqueles que assumiram o governo no período Vargas, ainda eram fortes, mas, sem muita coesão como antes, havendo sucessivas alianças entre eles, intercaladas por momentos de divergências, mesmo no seio de cada grupo.

        As alianças construídas elegeram por duas vezes Abdias Martins de Sousa Torres para governar o município (na primeira, em votação indireta pela câmara em função da morte de seu pai adotivo, o eleito nas urnas). 

Os Martins continuavam fortes.     

José Oscar Coelho

José Oscar Coelho

Com a renúncia do prefeito eleito em 1951 e a eleição indireta na Câmara, que colocou na cadeira de prefeito José Oscar Coelho (1952-1954), o grupo da ala iniciada com Joaquim Lima em 1930, reassume o poder. Essa tradição continua com Zeferino de Castro (1959-1960) e Antonio Pereira de Farias (1960-1966), intercalada pelo governo de Abdias, que, neste momento, parece unir ampla aliança. 

Continua...


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