Dizem que, numa ocasião, o Senhor Zé dos Remédios — um
homem grande e corpulento que vivia de revender remédios de porta em porta —
foi até o Gangão e resolveu descansar debaixo de uns pés de manga, esperando
que o vento derrubasse as frutas.
Naquele dia, o vento estava forte, e as mangas
começaram a cair. Zé pegava cada uma, batia numa pedra e a chupava. Mais vento
vinha, mais mangas caíram, e Zé continuou a repetir o processo. Assim passou o
tempo: deu nove horas, dez horas, e, finalmente, às onze horas, já saciado, Zé
exclamou: “Noventa e nove mangas! Estabeleci um novo recorde!”
Satisfeito, Zé pegou seu matulão e batida para casa.
No entanto, antes de chegar, parou na casa do Seu Raimundo Ventinha, que
cuidava do Gangão. Lá, começou a sentir-se mal. Suava frio, sentia tonturas, e,
sem demora, desmaiou!
Nesse momento, um conhecido passando de caminhonete
levou Zé na caçamba até o hospital do Dr Tomaz Correia, que, por coincidência,
era o dono do sítio do Gangão. Naquela época, ainda não existia o SUS, e os atendimentos
eram feitos “por caridade”, especialmente para quem era do mesmo lado político
do hospital.
Ao ser atendido, verificaram sua pressão, e a
enfermeira disse: “Está 14 por 9.” Então o doutor perguntou: “O senhor comeu
alguma coisa de ontem para hoje?” Zé respondeu: “Comi umas manguinhas lá no
Gangão.” O médico insistiu: “Quantas?” E Zé, com orgulho, respondeu: “Foram
noventa e nove!”
Surpreso, o médico riu e disse: “Ah, ouvi falar do
senhor! Você é o cara que bateu o novo recorde! Espere aqui, que já volto.”
Pouco tempo depois, o médico retornou com uma manga na mão. Com bom humor,
disse: “Toma aqui, caboclo, bate essa manga na mesa e chupa! Vamos fechar esse recorde
em 100 mangas, que fica melhor!” (Risos).
Raimundo Alves
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