Em evento, Bolsonaro pede que EUA interfiram em seu processo

 

Jair Bolsonaro assume pedido de interferência aos EUA em relação ao seu processo criminal.Créditos: Frame de vídeo do YouTube/Reprodução

Desafiando a Justiça e sem limites, ex-presidente assume em discurso que busca interferência estrangeira no processo judicial que enfrenta. Veja a inacreditável declaração

Por Henrique Rodrigues

Na mesma semana em que esteve no ponto mais próximo de ser preso por um crime gravíssimo, o de coação no curso do processo ao telefonar para seu ex-vice-presidente, Mourão (Republicanos-RS), que é testemunha na ação penal instaurada contra ele no STF, Jair Bolsonaro (PL), sem qualquer limite e afrontando explicitamente a Justiça, admitiu em público que busca ajuda de uma nação estrangeira para interferir em seu processo no Brasil, algo que configura um novo crime, ainda mais grave.

No 2° Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, em Fortaleza (CE), o ex-presidente afirmou contar com a intervenção dos EUA para reverter sua situação judicial. Referindo-se à terra do Tio Sam como “o país lá do norte”, Bolsonaro declarou:

“Tenho certeza de que venceremos. Não é fácil, mas nós venceremos, com ajuda de Deus e também com ajuda de outro país lá do norte. Enganam-se aqueles achando que só nós temos condições de reverter esse sistema. Não temos. Precisamos de ajuda de terceiros. E tem vindo na hora certa”, disse.

Além disso, o ex-presidente ainda fez menção à volta de Donald Trump à Presidência dos EUA, traçando paralelo com sua derrota eleitoral em 2022 para Lula: “Ele sofreu quando perdeu as eleições, e aqui, de forma semelhante, outra pessoa assumiu a Presidência”, declarou ao público do evento.

Bolsonaro ainda defendeu a permanência de seu filho Eduardo nos EUA, afirmando que se ele estivesse no Brasil, “não seria um passaporte [que iriam apreender], com toda a certeza, seria uma prisão [que seria decretada]”. Eduardo Bolsonaro está licenciado da Câmara desde março para atuar nos EUA, onde se instalou em 27 de fevereiro, onde passa os dias “denunciando” supostas “violações” no Brasil, o que se traduz, na verdade, numa ação para tentar conseguir apoio estrangeiro no ataque a instituições do Estado brasileiro, o que também é crime. Essas ações o colocaram recentemente como o possível responsável por influenciar o anúncio de prováveis sanções norte-americanas contra autoridades políticas do Brasil, sobretudo contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que julga a tentativa de golpe de Estado de seu pai.

Essa postura de Bolsonaro apenas confirma o perfil compulsivo do ex-presidente por cometer ilegalidades repetidamente, um sujeito que não respeita nenhuma lei ou autoridade. Sua conduta extremista incendeia o país e mina a credibilidade das instituições, que permanecem inertes diante de seus ataques autoritários sem decretar sua prisão preventiva.

O cenário ainda é agravado pela possibilidade real de sanções dos EUA a integrantes do STF, incluindo Moraes, por meio da Lei Global Magnitsky, conforme dito pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, uma figura ultrarreacionária que estaria fazendo o jogo do clã Bolsonaro.

A escalada de ilegalidades e afrontas do ex-presidente configuram um grave desafio à estabilidade democrática, reforçando a urgência de respostas firmes das instituições para conter a crise institucional que ele próprio provoca e dentro da qual se sente totalmente confortável para seguir em frente desrespeitando a lei, como se soubesse que não vai ser preso por motivo algum.

FONTE: Revista Fórum

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