Aldous Huxley. Admirável mundo novo - I

 

Admirável mundo novo, de Aldous Huxley foi escrito no chamado período entreguerras, contexto histórico agitado, de crise econômica e que colocava em campos opostos duas propostas para lidar com a depressão econômica que assolava o mundo capitalista: o fascismo e o comunismo. 

Embora com propostas destoantes, tinham em comum aquilo que chamamos de totalitarismo. A realidade parecia sombria. O mundo saíra há pouco tempo da pior guerra que já vivera e entrara na pior crise econômica que o mundo capitalista jamais conhecera. 

O futuro incerto e o crescimento do apoio a propostas autoritárias e que colocavam em riscos os valores liberais e mais ainda a democracia levaram algumas mentes brilhantes a especular como seria o mundo futuro. O medo e a incerteza quanto aos rumos que tomaria a humanidade levaram muitas pessoas a projetar um futuro sombrio.

Admirável mundo novo é apenas uma delas. Ao lado de 1984, de George Orwell, compõe uma distopia. O futuro parecia nebuloso para as pessoas que viveram aqueles anos loucos. 

Mas os mundos pensados por Huxley e Orwell eram diametralmente opostos. Em 1984, Orwell pintou um mundo de miséria e destruição, de escassez e necessidade. Seus habitantes eram tristes e assustados, como demonstrou Bauman. O mundo imaginado de Huxley era, ao contrário, de riqueza e devassidão, de abundância e saciedade. Lugar de pessoas despreocupadas e alegres. Os dois mundos pintados se opunham em quase tudo.

Mas há algo comum entre eles: ambos são mundos estritamente controlados. As liberdades individuais são reduzidas a nada ou quase nada, rejeitadas por pessoas treinadas a obedecer a ordens e seguir uma vida estabelecida em seus mínimos detalhes, mundos sem inconvenientes, controlados e governados por uma elite que manejava tudo. Mundo divididos por administradores e administrados.

Orwell e Huxley, influenciados pelos acontecimentos sombrios de sua época, imaginaram um mundo onde o controle, a vigilância e a opressão grassavam. O destino do mundo parecia ser esse. Eles apenas viam de formas diferentes o caminho que se levaria até o futuro “se continuássemos suficientemente ignorantes, obtusos, plácidos ou indolentes para permitir que as coisas seguissem sua rota natural” (Bauman, p. 71).

Os contornos do mundo futuro esboçados pelos dois escritores eram trágicos. Parecia que se caminhava para a separação entre os poderosos que controlariam os rumos da vida e os demais que obedeceriam, sem poder ou possibilidade de reação. O mundo parecia caminhar para uma realidade em que as pessoas não controlariam nem mesmo suas próprias vidas. 

Continua...


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