José Saramago – O Evangelho segundo Jesus Cristo

José Saramago

O evangelho segundo Jesus Cristo é o terceiro romance de José Saramago, único em língua portuguesa a ganhar o prêmio Nobel de Literatura (1998). Foi publicado em 1991. 

Livro polêmico, apresenta versão ficcionada da vida e paixão de Cristo, que vive perturbado em sua busca pela identidade, e com defeitos terrenos. 

O livro causou polêmica por apresentar uma imagem de Cristo que destoa da figura tradicional construída pela Igreja Católica e outras instituições cristãs.

Uma das características do romance é apresentar uma faceta humanizada da vida de Jesus, mostrando suas imperfeições e conflitos. Vai da concepção do personagem central até o momento de sua crucificação. Em muitos pontos, subverte os quatro evangelhos. 

Em primeiro lugar, é o demônio, em forma de anjo, e não o Anjo Gabriel, quem revela estar Maria grávida de Deus. Em segundo, Maria tem outros oito filhos após Jesus, seu primogênito, e uma vida sexual ativa com José, seu marido. Também, Jesus, desde que encontra Maria de Magdala, tem um romance com ela, a quem toma como sua mulher (esposa). 

Um dos episódios mais impactantes é quando Jesus se encontra com Deus e o Diabo em sua Barca no meio do mar e de um nevoeiro. Lá, passa quarenta dias. Naquele momento, o pai revela ao filho seu projeto expansionista, de deixar de ser o Deus dos judeus para ser o Deus universal. 

Jesus também descobre qual o interesse do Diabo em seu desígnio. É que, se o reino de Deus se expande, a influência do Diabo também o faz, pois que o Bem só é bem se houver o Mal. E é por isso que Deus recusa a aliança com o anjo decaído.

O Deus apresentado por Saramago, e eis uma crítica, é ser castigador, observador, aquele que espera o deslize de alguém para puni-lo pelo pecado cometido. É ser que tem sede de poder e glória, imperialista, que quer expandir o seu domínio pelo mundo que ele mesmo criou. 

Por isso, para deixar de ser o Deus de um diminuto povo, manda ao mundo o seu filho como uma espécie de bode expiatório (na verdade cordeiro de Deus, para, pelo suplício, expiar o pecado dos homens), isto é, aquele que se tornaria mártir para expandir seus domínios.

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