Nove cidades do CE alcançaram 100% das crianças alfabetizadas na idade certa em 2024

 

O Inep considera alfabetizados os estudantes que sabem ler palavras, frases e textos curtos e outras habilidades - Foto: Fabiane de Paula

Estado manteve a melhor taxa de alfabetização do país, com 85,3%

Por Clarice Nascimento e Gabriela Custódio - 19/07/2025 

Com uma política estadual de alfabetização consolidada e referência nacional, o Ceará tem nove cidades que atingiram o índice de 100% de crianças que sabem ler e escrever ao final do 2º ano do Ensino Fundamental pelo segundo ano consecutivo. Os municípios são: Catunda, Coreaú, Forquilha, Graça, Novo Oriente, Pacujá, Piquet Carneiro, Pires Ferreira e Poranga.

Os resultados são do Indicador Criança Alfabetizada (ICA), divulgados no dia 11 de julho pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). 

O relatório também aponta que Ceará manteve a melhor taxa de alfabetização do país em 2024, sendo o único estado brasileiro a atingir 85,3% das crianças alfabetizadas na idade certa. Esse resultado coloca o Estado na lista das 18 unidades federativas que apresentaram evolução no indicador de 2023 para 2024. 

Além disso, é um dos 11 que atingiram ou superaram a meta estipulada pelo MEC para cada uma das unidades federativas. A Pasta define metas anuais individuais para os estados, considerando as desigualdades territoriais.

No recorte nacional, o Brasil teve índice de 59,2%, um aumento em relação a 2023 que registrou 56%. No entanto, a porcentagem ainda ficou abaixo da meta estipulada, de 59,9%. O objetivo é que, até 2030, o país tenha pelo menos 80% das crianças sabendo ler e escrever na idade certa. 

ESTREIA NO PÓDIO E MANUTENÇÃO DO TRABALHO

No primeiro levantamento apresentado pelo MEC, em 2023, a cidade de Poranga tinha atingido 96% das crianças alfabetizadas. Em um ano, o município do Sertão dos Crateús subiu 4 pontos percentuais e chegou aos 100%. 

Para o prefeito, Roberto Uchoa (PT), o resultado é consequência do zelo e da preocupação do município com as escolas e os agentes envolvidos no processo de aprendizagem. “Não existe um fator, mas uma série de detalhes planejados e executados com um objetivo só que é o sucesso das crianças”, afirma. 

Entre as estratégias de ensino adotadas pela cidade estão a busca ativa dos estudantes, o estímulo ao acompanhamento familiar e o incentivo de 15% do salário base do professor alfabetizador.

Com apoio de assistentes sociais e psicólogos, o município vai atrás dos alunos ausentes para entender a situação das famílias e fazer com que ele retorne às aulas. 

“Nosso compromisso é zelar e melhorar cada vez mais a condição de nossas escolas e para os profissionais, para que esses índices tão positivos se estendam para toda educação básica”, completa Uchoa. 

 


Forquilha foi uma quatro das cidades que manteve o índice de 100% de 2023 para 2024. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o prefeito Edinardo Rodrigues Filho detalha que a assistência dos pais é uma das ferramentas que influenciou esse resultado.

“Buscamos meio de ajudar a família na educação dentro de casa, porque só na escola não conseguimos fazer tudo”, afirma.

Além disso, a gestão investe em ações no ambiente escolar como alimentação reforçada, transporte seguro e distribuição de kits escolares e fardamentos. “Muitos alunos vão para a escola para se alimentar porque não tem comida em casa e, por lá, eles têm café da manhã, lanche, almoço e a merenda”, explica.

MELHOR ÍNDICE NACIONAL

Os números do Ceará não são uma surpresa, pois, nacionalmente, as políticas de alfabetização do Estado são exemplos a ser seguidos. “Enquanto boa parte dos estados caminham ainda a passos lentos, criando as suas políticas de alfabetização, alguns estão reestruturando, o Ceará já possui uma política de alfabetização na idade certa desde 2007”, explica Bernardo Baião, coordenador de Políticas Educacionais da Iniciativa Todos Pela Educação.

No ano em que surgiu o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC), apenas 40% das crianças cearenses concluíam o 2º ano do ensino fundamental alfabetizadas. Essa política foca na cooperação entre Estado e Municípios para fortalecer a rede pública de ensino, e se tornou referência nacional – contribuindo, inclusive, para estruturar o Pacto Nacional Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). 

“A mensagem que o Ceará passa para o país é se você prioriza uma política pública bem desenhada e mantém ela ao longo do tempo, os resultados vão aparecer. O grande segredo da política pública é você dar continuidade e sustentação política para que os resultados apareçam de forma natural” 

Bernardo Baião

coordenador de Políticas Educacionais da Iniciativa Todos Pela Educação

INDICADOR CRIANÇA ALFABETIZADA (ICA)

O Indicador integra o Compromisso Criança Alfabetizada (CNA), lançado em junho de 2023. Essa política se baseia na colaboração entre União, Estados e Municípios para garantir a alfabetização de todas as crianças na idade certa e recuperar aprendizagens de alunos do 3º, 4º e 5º ano afetados diretamente pela pandemia da Covid-19.

O índice é calculado a partir de um teste, no qual cada estudante responde a 16 itens de múltipla escolha e três de resposta construída, sendo uma produção textual. Esses testes são compostos por um conjunto de itens cedidos pelo Inep e aplicados pelos sistemas estaduais de avaliação. 


O padrão nacional de alfabetização que aponta a criança alfabetizada foi estabelecido em 743 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), pela Pesquisa Alfabetiza Brasil, em 2023, conduzida pelo Inep para determinar o ponto de corte que indica a alfabetização de uma criança ao final do 2º ano do ensino fundamental.

O Inep considera alfabetizados os estudantes que sabem ler palavras, frases e textos curtos; conseguem inferir informações em textos que articulam linguagem verbal e não verbal; e localizam informações explícitas em textos curtos, como crônica, bilhete ou fragmento de conto infantil. 

ENTRE AS METAS PACTUADAS ESTÃO:

Monitoramento e acompanhamento dos resultados de alfabetização; 

Apoio técnico e financeiro da União para melhorar a infraestrutura física e pedagógica das escolas públicas; 

Oferta de materiais didáticos complementares para estudantes e materiais pedagógicos para professores; 

Sistemas de avaliação da alfabetização;

Estratégias formativas e orientações curriculares.

Esses resultados terão impactos a um longo prazo, como explica Bernardo, uma vez que a alfabetização é a base para o desenvolvimento de outras habilidades dos estudantes. “É a partir dela que os estudantes desenvolvem capacidades técnicas, habilidades socioemocionais, que podem progredir na escola e, claro, por consequência, progredir tanto no ensino superior quanto no mercado de trabalho”, afirma.

FONTE: Diário do Nordeste

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