O "País dos Mourões" - Parte III

Vicente Negreiro, segundo o senador Catunda, foi um homem valente e destemido. Perseguido pelos Mourões, fez-se “cangaceiro”, tomou o seu “boca de sino” (Bacamarte) e sua granadeira, dando-lhes os nomes: aquele de Canário e a esta de negra velha, que depois lhe serviram muito bem, e quando em ação, atacado pelos Mourões seus inimigos, ao disparar o primeiro tiro, recitava sempre em altas vozes a seguinte quadra


Quando o Canário abre o bico,

Turba-se o tempo, meu bem,

Chore quem tem de chorar

Que não sou pae de ninguem"


Vidal de Negreiro era acompanhado de Fama, que depois traiu-o, passando para o lado dos Mourões, Severino de Tal, Chanana, Goiabeira, Fama-leal, José Caixinho, Jaramantalha, Belchior e outros de sua confiança. Depois acompanhou seus dois irmãos, João e José Lopes.

No Governo do Padre José Martiniano de Alencar houve uma tentativa de dizimar as lutas e a anarquia reinante nos sertões do Ceará. “Os mourões foram tenazmente perseguidos e presos alguns de seus membros, outros foram obrigados a buscar refúgio em outras paragens”.

Alencar passou a dar uma atenção espacial para a vila de Ipu e para a freguesia da Serra dos Cocos. Alencar despachou ao sertão de Ipu, o tenente Félix Bandeira, com uma volante de quarenta praças, para varrer os Mourões da face da serra e da planície, para tomar-lhes os bens, arrasar-lhes as fazendas, fazer-lhes todos o mal possível imaginado.

Alencar manobrou dessa forma com violência e rapidez. Liquidaria os Mourões e vingaria os seus amigos, o Padre Manoel Pacheco Pimentel e o seu sobrinho tenente-coronel, João da Costa Alecrim, que, com ele, tinham sido eleitos, outrora, deputados à Confederação do Equador, sediado em Pernambuco, das ofensas feitas pelo "clã selvagem", estabelecido e fortificado na Serra dos Cocos.

Em 6 de junho de 1836, o padre de mão dura, deu início ao seu combate contra os mourões.

Os “crimes” perpetrados por “cangaceiros” e os reclames contra eles na Serra dos Cocos, chegou até o conhecimento do Imperador. Porém, as medidas tomadas não surtiram efeitos. Somente quando assumiu o governo da província do Ceará é que José Martiniano de Alencar, com mão de ferro, enviou forças policiais para a Serra dos Cocos, com o objetivo de prender e matar aos Mourões. 

O padre mandou para o ministro da justiça do Império, no início de seu governo, um catálogo relatando os “crimes” praticados pelo grupo de valentões. Entre os anos de 1833 e 1836, o bando teria matado, nos sertões do Ceará, Piauí, Maranhão e Pernambuco, 27 pessoas, empreendido inúmeras surras e espancamentos de outras, além de tentativas de morte, assaltos e desordens praticadas.

Continua...


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