Bela e Preta Gil.Créditos: Instagram
“Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, afirmou o padre no altar
Por Julinho Bittencourt
A apresentadora Bela Gil criticou publicamente o padre Danilo César, denunciado por intolerância religiosa após declarações polêmicas feitas durante uma missa na cidade de Areial, no interior da Paraíba. Em um vídeo que circula nas redes sociais, o padre usou a morte da cantora Preta Gil — irmã de Bela — para desdenhar das religiões de matriz afro-indígena. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
“É cada absurdo que a gente precisa ouvir. Seu padre desrespeitoso”, reagiu Bela Gil em uma rede social, após a repercussão das falas.
A denúncia foi formalizada pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza, que também divulgou uma nota de repúdio afirmando que o padre distorceu conceitos religiosos e praticou intolerância.
Durante a homilia, o padre Danilo fez referência direta a Preta Gil, que faleceu nos Estados Unidos, em 20 de julho, vítima de um câncer colorretal. Ele questionou a fé de Gilberto Gil, pai da cantora, nos orixás.
“Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás,
cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, afirmou o
padre no altar.
O religioso também atacou praticantes de religiões
não cristãs, sugerindo que seriam levados ao inferno:
“Tem católico que pede essas coisas ocultas, eu só
queria que o diabo viesse e levasse. No dia seguinte quando acordar lá, acordar
com calor no inferno, você não sabe o que vai fazer”, disse, em tom ameaçador.
As declarações foram transmitidas ao vivo pelo
canal da Paróquia no YouTube, mas o conteúdo foi retirado do ar após a
repercussão negativa. A Diocese de Campina Grande, responsável pela paróquia,
afirmou em nota que o diácono prestará esclarecimentos por meio de sua
assessoria jurídica.
Polícia investiga o caso
Segundo a Polícia Civil da Paraíba, três boletins
de ocorrência foram registrados até o momento contra o padre Danilo César. Dois
deles, lavrados em Campina Grande e em Puxinanã, serão encaminhados à seccional
de Areial por se referirem ao mesmo episódio. As informações foram confirmadas
pelo delegado Danilo Orengo e pela delegada responsável pelo inquérito, Socorro
Silva.
De acordo com a delegada, o padre será ouvido
durante as investigações, mas ainda estão sendo colhidos depoimentos de
testemunhas.
Reações e medidas
O presidente da Associação Cultural de Umbanda,
Candomblé e Jurema, Rafael Generino, informou que além da denúncia à polícia,
também irá formalizar representação no Ministério Público da Paraíba (MPPB).
Ele considera que houve violação ao direito de liberdade religiosa e uso
indevido do púlpito para disseminar ódio.
O Fórum de Diversidade da Paraíba, por meio de seu
presidente Saulo Gimenez, também condenou o episódio. Em nota, o órgão considerou
as falas do padre “graves” e afirmou que continuará acompanhando o caso,
oferecendo suporte à associação religiosa e exigindo retratação pública.
O episódio reacende o debate sobre intolerância
religiosa no Brasil, especialmente contra religiões de matriz africana, que
seguem sendo alvo frequente de discriminação — inclusive dentro de espaços
religiosos cristãos.
Fonte: Fórum
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