TARIFAÇO ESTÁ VALENDO

 

10 mil empresas brasileiras serão afetadas

Com o início nesta quarta-feira (6) da implementação da alíquota de até 50% sobre exportações brasileiras aos Estados Unidos, setores estratégicos da economia brasileira se mobilizam para buscar socorro do governo Lula contra o tarifaço de Donald Trump para preservar negócios e empresas.

Embora o decreto inclua cerca de 700 exceções que beneficiam áreas como o agronegócio, energia e aeronáutica, diversos segmentos produtivos permanecem sob forte pressão e projetam prejuízos significativos. Mais de 3.800 produtos terão a sobretaxa.

De acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin, à frente das negociações, aproximadamente 35,9% das exportações brasileiras para os EUA serão afetadas. A Amcham Brasil (maior câmara americana de comércio fora dos EUA) estima que cerca de 10 mil empresas exportadoras e 3,2 milhões de empregos estejam em risco direto.

Entre os setores mais afetados pelo tarifaço, estão:

Carnes: Estimativa de perda de US$ 1 bilhão em exportações de carne bovina, segundo a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

Café: Representa 34% do mercado nos EUA. Analistas acreditam ser possível redirecionar parte da produção.

Frutas: Produtos como manga, uva e açaí respondem por 90% das exportações àquele mercado e sofrem “graves impactos”, segundo a Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados).

Máquinas e Equipamentos: Exportações de US$ 3,6 bilhões em 2024. Setor representa até 10% das vendas ao mercado norte-americano, diz a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

Móveis: A sobretaxa inviabiliza a competitividade. A Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) prevê a perda de até 9 mil empregos.

Têxteis: Apenas cordéis de sisal ficaram isentos. A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) projeta impactos severos na cadeia produtiva.

Calçados: Risco de “danos irreversíveis” nas exportações e milhares de empregos comprometidos, segundo a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).

Pescados: A Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados) alerta para efeitos “imediatos e profundos”, ameaçando 35 indústrias e 20 mil trabalhadores.

Ferro e Aço: Setor sofre com excesso de capacidade global e tarifas agravam cenário delicado, segundo o Instituto Aço Brasil.

Plásticos e derivados: A Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) afirma que a tarifa de 50% torna inviável a exportação aos EUA.

Químicos: A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) fala em cadeias produtivas comprometidas e impacto em investimentos no Brasil e EUA.

Tabaco: O mercado norte-americano é o terceiro maior destino do produto. Setor aposta em realocação de mercado.

Pneus: Com 3,2 milhões de unidades exportadas em 2024, setor teme paralisações em fábricas focadas no mercado norte-americano.

Veja o que pedem as empresas contra o tarifaço

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresentou uma lista de sugestões emergenciais ao governo federal, incluindo:

Linha emergencial de crédito via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), com juros entre 1% e 4% ao ano.

Ampliação do prazo para liquidação de contratos de câmbio (ACC/ACE).

Prorrogação de financiamentos do comércio exterior (PROEX, BNDES-Exim).

Aplicação de medidas antidumping.

Adiamento de tributos federais por 120 dias, com parcelamento posterior.

Reembolso imediato de créditos tributários (PIS/Cofins, IPI).

Ampliação do Reintegra para 3%.

Retomada do Programa Seguro-Emprego (PSE).

Setores com pleitos específicos

Abicalçados: Linhas de crédito em dólar, liberação de ICMS acumulado e retomada do BEm (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego).

Abipesca: Crédito emergencial de R$ 900 milhões com 6 meses de carência.

Abit: Devolução de créditos de ICMS, postergação de impostos e retomada do Reintegra.

Abiquim: Programa Reintegra elevado a 7%, extensão a todas as empresas, linhas de financiamento e ação antidumping.

De modo geral, vários setores, incluindo frutas, carnes, café, tabaco, aço, pneus, etc., defendem diálogo direto com o governo dos EUA para tentar inclusão na lista de exceções ou encontrar uma solução negociada.

Medidas em estudo pelo governo

O governo federal está finalizando um plano de proteção a empregos e setores exportadores, a ser anunciado nos próximos dias. A proposta está sendo construída pelos ministérios da Fazenda e da Indústria e Comércio, com o aval do presidente Lula.

Entre as possíveis medidas, estão:

Linhas de crédito direcionadas às empresas afetadas.

Um novo programa de proteção ao emprego, semelhante ao que vigorou na pandemia.

Apoio financeiro dentro do arcabouço fiscal, sem romper com as metas de responsabilidade fiscal.

“Estamos calibrando os números e as medidas junto aos sindicatos e à Casa Civil”, disse o ministro Fernando Haddad. “Queremos operar dentro do marco fiscal, sem nenhum tipo de alteração”, completou.

FONTE: ICL

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