Planalto acelera mudanças, mantém presidente da Caixa e aposta em reaproximação com ausentes da votação
Por Cleber Lourenço - 14/10/2025
Após a derrota na votação da Medida Provisória 1303, que prorrogava a tributação sobre operações financeiras, o governo federal iniciou um processo amplo de reorganização política nos cargos de confiança. O movimento atinge especialmente indicações de partidos do Centrão, como PSD, PP, União Brasil e Republicanos, e marca o início de uma ofensiva para recompor a base de apoio no Congresso.
O governo fez um mapeamento detalhado de votos e ausências na votação que retirou de pauta a MP do IOF. A determinação é revisar nomeações em ministérios, estatais e superintendências federais em todo o país, substituindo aliados que votaram contra o governo por nomes de parlamentares que se mantiveram fiéis ao Planalto.
“A partir do momento que as bancadas fecharam questão contra [a MP], dão o direito ao governo de fazer as mudanças que achar conveniente”, justificou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), em entrevista ao ICL Notícias.
A redistribuição dos cargos tem sido balizada pelo comportamento dos partidos na votação: foram 195 votos favoráveis à oposição e 67 ausências, boa parte delas de legendas que formalmente apoiam o governo. A leitura interna é que muitos desses deputados ausentes tinham todos os motivos para votar contra o governo, mas optaram por não se posicionar. O Planalto vê esse grupo como estratégico para a reconstrução da base, entendendo que a abstenção foi um sinal político de cautela, não de ruptura.
De acordo com análise feita dentro do Palácio do Planalto, a votação revelou um mapeamento preciso de fidelidades e resistências. .
Na leitura do governo, a omissão foi politicamente relevante. Muitos desses parlamentares que tinham motivos para votar contra o Executivo não o fizeram e escolheram se ausentar. Isso mostra que há espaço para reaproximação.
Caixa teve várias exonerações de indicados políticos
O grupo dos ausentes, segundo essa análise, será o principal alvo do esforço de aproximação nas próximas semanas. Somados os 195 votos e os 67 ausentes, o governo enxerga uma maioria consistente quando se trata de propostas econômicas mais dialogadas e moderadas.
“Vamos reorganizar a base do governo e fazer as mudanças necessárias, com muita responsabilidade. Mas quem quiser estar no governo deverá ser voto do governo no Congresso”, disse a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ao portal Metrópoles.
Estão na mira vários apadrinhados do PP, União Brasil, PSD, MDB e do PL para postos de comando em bancos e estatais como Caixa Econômica Federal, Correios e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de superintendências regionais no Ministério da Agricultura e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Entre outros, foram exonerados ontem três indicados do PSD que estavam no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Da Caixa, saíram José Trabulo Júnior, consultor da presidência, indicado pelo PP de Ciro Nogueira; Paulo Rodrigo de Lemos Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital, ligado ao PL e Humberto José Teófilo Magalhães, presidente da Caixa DTVM S.A.
Apesar das mudanças internas, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, será mantido no cargo. Vieira é uma indicação direta do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, que se ausentou da votação da MP do IOF e não participou do movimento de rebelião na base. Ele, inclusive, foi um dos que tentou evitar a crise. Lira também é visto como um fator de estabilidade por Lula, que confia e tem simpatia pelo presidente da Caixa indicado pelo deputado.
Nos próximos dias, o governo deve anunciar mudanças na superintendência dos Correios e em outras estatais. A diretriz é clara: quem se alinhou à oposição perde espaço; quem votou com o governo, se absteve ou se manteve neutro deve ser alvo de um movimento de reaproximação e negociação política.
O mapeamento de votos e omissões servirá de guia para uma reestruturação ampla de cargos e alianças, reforçando a mensagem de que a fidelidade política será recompensada, mas o diálogo continua aberto para quem preferiu se manter em silêncio na disputa.
FONTE: ICL
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