O lobisomem do Alto da Coruja - III


Certa vez eu e meus irmãos, Manoel e Doutor Cidade, fomos ao roçado da Mina, lá onde hoje é a mansão do Junior, para apanhar milho verde e feijão maduro. Aí o Doutor conheceu uma moça, que morava numa casinha por lá. Acertou um namoro com ela. 

Eu e Manoel ficamos lá, “segurando vela” para aquele fuleiro!  E a noite caiu. Era noite de lua cheia, mas estava nublado, não se via nada pelo caminho! Fomos num barzinho. Eles beberam cachaça com limão, era só o que tinha naquela espelunca! 

A noite ficou mais escura ainda, não se via nada! Como é que nós vamos voltar? O dono do estabelecimento falou que um lobisomem estava aparecendo por lá, lá pelas bandas do Alto da Coruja! Eu fiquei com medo, mas não disse nada! Ninguém disse nada!

Sei que eles estavam com medo também! Meia hora depois descemos, eu na garupa do Manoel, o Doutor sozinho em sua bicicleta. Descemos noite a dentro, na maior escuridão, pela estradinha que ia dar no Alto da Coruja, onde um lobisomem estava aparecendo! 

Ninguém via nada, nada, nada! Logo na frente, a gente bateu numa coisa enorme e peluda na beira do caminho! Era uma coisa enorme, que tinha uns olhões amarelos, juba de leão! 


“É o lobisomem!”, Doutor gritou! Aí nós corremos para a cerca — havia uma cerca de varas na beira do caminho —, arrancamos umas toras de madeira e partimos para cima do bicho! 

Pá! Pá! Pá! Pá! Moemos o lobisomem no cacete! Pá! Pá! Pá! Pá! E tome pau: Pá! Pá! Pá! Pá! O bicho era mesmo enorme, exatamente como mamãe contava! Pá! Pá! Pá! Pá! 

Devia ter uns dois metros de altura — Pá! Pá! Pá! Pá! — e tinha uma juba de leão: Pá! Pá! Pá! Pá! Pá! E tome mais pau: Pá! Pá! Pá! Pá! Foi pau para todo lado! Pá! Pá! Pá! Pá! 

Depois que derrubarmos a fera, demos meia volta, nos evadimos do local. No outro dia, quando amanheceu, soubemos que um parquinho de diversões havia chegado na cidade, que o dono deixara uns brinquedos debaixo de uma árvore, na estrada do Alto da Coruja, e que, “por pura maldade”, um “bando de vândalos” havia depredado um cavalo de madeira e um leão, coberto com almofada!” 


Era o lobisomem que eu, Doutor e Manoel havíamos abatido na noite anterior! O pobre homem, dono dos brinquedos, ainda disse: “Eu só gostaria de saber quem foi o covarde que moeu meu leão e meu cavalo no cacete! Ah, se eu pego!” 

Boca calada não entra mosquito!

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