Essa história foi-nos contada pelo Senhor João Bandeira (o novo).
Em cima da Bica do Ipu, bem na beirada da serra, lá na Várzea do Giló, havia homens que plantavam seus roçados de milhos, bem na borda do abismo. O seu Luiz Vieira brocou seu roçadinho de milho e feijão, juntou muita lenha, mas não tinha como trazê-la para casa, pois não possuía um animal de carga.
Foi então que ele resolveu procurar o Seu Percival, que lhe emprestou seu jumentinho Fogoso, para que Seu Luiz trouxesse a lenha no lombo do animal.
Ao lado do roçado de Seu Luiz, havia o roçado da Minervina, uma comerciante local. Percival — o dono do jumentinho Fogoso — era “intrigado” com Minervina. Os dois vizinhos não se falavam há anos, depois de um bate-boca mais acalorado.
La vinha Seu Luiz, seguindo pela trilha que saía da beirada do abismo, tangendo o jumentinho Fogoso, emprestado por seu amigo Percival. Foi quando apareceu Minervina, puxando seu jumento preto, chamado de Tornado — mesmo nome do cavalo de Zorro.
Tornado era um jumento preto enorme, parecia até um cavalo! Quando Tornado avistou Fogoso, se excitou, “desembainhou” sua espada enorme, e saiu correndo atrás de Fogoso!
Então, os dois jumentos saíram em disparada, um atrás do outro! Tornado querendo “penetrar” Fogoso, Fogoso fugindo de Tornado! No meio da confusão, os dois animais perderam o equilíbrio e se precipitaram Serra a baixo!
Imaginem a cena: dois jumentos, um correndo atrás do outro, um com a jeba desembainhada, ambos caindo de cima da Serra! Como narrava seu João Bandeira, “Não escapou nem a alma”! E dava boas gargalhadas!
Quando foi prestar contas com Percival, Seu Luiz narrou a história... contou como o jumentão preto, e bem-dotado, da Minervina havia corrido atrás do pobre do jumentinho de Percival.
Disse ainda como Fogoso preferiu se atirar no abismo a ter de “ceder às investidas” do jumentão “abusador”! Após ouvir a história, Percival retrucou:
— Pois Seus Luiz, você não precisa me pagar nada não! Eu dei foi valor ao meu jumentinho... preferiu se atirar da Serra, a ter que “se deixar possuir” pelo safado do jumentão da Minervina! Meu jumentinho morreu com honra! Dei valor”!
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