Na política, é impressionante como as coisas mudam rápido. Quem hoje está sobre a carne seca, pode não demorar para estar sob ela. Vejo a história se repetir, porém, de ponta-cabeça, invertida.
Como alguém que faz um esforço tremenda para ser desinteressado — como é difícil isso? — investigo, com minha veia de detetive-historiador, Sherlock Holmes fajuto, os fatos recentes.
Pensemos o cenário federal. Ficamos sabemos, nos últimos dias sobre as denúncias da Procuradoria Geral da República contra 34 pessoas, entre elas Jair Messias Bolsonaro. Neste caso, o ex-presidente foi indiciado por cinco crimes: liderar organização criminosa armada; por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; por golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; deterioração de patrimônio tombado.
Conforme a legislação, se somados, e o indiciado seja condenado, os crimes podem levar a uma pena de quase 40 anos de prisão, matando, assim, suas pretensões políticas
As reações foram diversas. Comemorados por uns, lamentados por outros. Entre os partidário do ex-presidente se diz que Bolsonaro é objeto de perseguição, que os crimes que lhe imputam são, na verdade, resultado de uma conjunção de forças partidárias, para não permitir ser ele mais candidato no futuro, para prendê-lo, matar o “salvador da pátria”.
Copiei o texto, levemente modificado, de um grupo de petistas quando a Lava Jato investigava Luiz Inácio Lula da Silva. Os argumentos, naquela ocasião eram igualzinho. Caramba, só que invertidos.
Naquele tempo, os partidários do atual presidente defendiam existir farsa montada por Sérgio Moro (Juiz) e Dallagnol (Promotor) para incriminá-lo, tirá-lo da jogada, limpar o terreno para Bolsonaro.
Afirmavam, ainda, que o juiz teria negociado, com Bolsonaro, sua vaga para o Supremo Tribunal Federal, quando houvesse possibilidade disso, isto é, quando surgisse uma vaga lá, e caso o candidato do PL fosse eleito.
Enquanto isso não ocorresse, seria Ministro da Justiça. Pergunto, quem está certo, os petistas, que reclamavam de suposta perseguição política ou os Bolsonaristas, que agora fazem o mesmo? Não seria o caso de a lei ter dois pesos e duas medidas, como no passado? Para meus amigos, pão, para os inimigos, pau, ou rigor da lei. A questão seria apenas em estivesse com a máquina do Estado na mão!
Quem está certo? Lula era mesmo culpado dos crimes que lhe imputavam a Lava Jato? Para os petistas, era uma farsa montada, todos nós conhecemos aquele teatro todo. É recente. Os argumentos de seus defensores eram verdadeiros ou não passavam de palavras vazias, partidárias? E agora, com Bolsonaro? Os argumentos são ilibados ou apenas mentiras, como naquela outra ocasião? É ele mesmo culpado, ou tudo não passa de uma farsa envolvendo o PT, a PF, a PGR e o STF?
Suponhamos que Bolsonaro seja honesto, como defendem seus seguidores, que cometeu faltas das quais não se pode igualá-las às do “Lulapetismo”, como defendem os partidários do Capitão.
Tudo bem, aceitemos que apossar-se de joias da União não seja crime algum, falsificar cartão de vacina também não. Aceitemos que a vacina contra a Covid era uma farsa, que defender tratamento alternativo com verminoses e cloroquina estava correto, falsificar os números do ministério da Saúde, também não, que era verdade o Kit Gay, a mamadeira de ..., que todo professor é lulista e faz da escola um palanque, que ensina os meninos a serem Gay e as meninas a serem Lésbicas, que não é culpado dos cinco crimes denunciados pela PGR, que não atentou conta o Estado de Direito, que não tinha plano para matar o atual presidente, o seu vice e Alexandre de Morais, ou que, caso tivesse feito tudo isso, dado um Golpe, estabelecido uma ditadura, destruído a democracia, vá lá, seria para o bem do Brasil, e justificado, quer dizer, teria livrado a nação dessa “corja de ladrões safados”, “saqueadores do erário”, “a começar pelo presidente petralha".
Bolsonaro “arregou” mesmo ou não foi em frente por não ter obtido o apoio das Forças Armadas, como defende a denúncia da PGR?
Caminhemos por outra estrada, para concluir. Digamos que, tudo isso, se for verdade, não o incrimina se, de fato, ser criminoso é ser ladrão do Erário. Como explicar as barras de ouro recebidas como propinas pelos pastores membros do governo Bolsonaro, quando foi presidente? Foi inventado? Propina de um real para comprar vacina, que o General Pazuello negociou com intermediários compra de 30 milhões de doses da CoronaVac pelo triplo do preço”.
Era tudo mentira? Globo, CNN Brasil, Bandeirantes, toda a grande mídia estava mentindo, por ser petista e antibolsonaro?
Bolsonaro quis ou não quis interferir na PF para não permitir investigar seu governo ou barrar as investigações, como no caso de Marielle, que poderia respigar em sua honra?
Usar emendas parlamentares (e orçamento secreto), em troca de apoio do Centrão (que se assemelha ao mensalão, um dos crimes da era PT), não se iguala aos crimes dos adversários? Usar o cartão corporativo para compras pessoais, fora do exercício do poder, é certo ou é outra mentira da investigação? Chega!
Não seria contraditório assumir, agora, todos os argumentos dos adversários no passado? Naquela época, tudo era verdade, e agora mentira? A política é mesma essa história novelesca, romanesca, de enredo infantil, da luta entre Deus e o Diabo, Bem e Mal, eles, sempre os desonestos, e nós os honestos? Existe um lado certo e outro errado?
Se Bolsonaro é honesto e tenhamos uma justiça isenta, por que temer? Agora, se a justiça tem rabo preço (PF, PGR, STF) e toda a imprensa, também, sei não, hein... E se tudo, na investigação é verdade, quer dizer, existem provas materiais, mesmo, incontestáveis? Que tal ler o inquérito e ver com os próprios olhos, pelo menos para defender que todas as provas ali são inventadas?
Você, se leu até aqui, e suportou um texto longo, acostumado apenas às frases de efeito, poderia esclarecer esses pontos, refutá-los, mostrar suas falhas? Desmontá-los?
Na verdade, será que este texto o indigna ou o faz refletir? Ajuda-o a melhorar os argumentos, tornar-se mais sensato ou inteligente e não ser apenas repetidos de bobagens, frases prontas, mentiras deslavadas por opção ideológica?
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