Parlamento do Irã aprova fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do petróleo mundial

 

Estreito de Hormuz é vigiado por frota da marinha dos Estados Unidos - Noah Martin/AFP

Bloqueio do local pode levar a uma disparada nos preços do barril de petróleo no mundo

Neste domingo (22), o Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, o que interromperia o trânsito de aproximadamente 20% de todo o petróleo comercializado no mundo. A medida, no entanto, ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Ali Khamenei.

A região fica entre Omã e Irã, e é monitorada pela 5ª Frota da Marinha americana, que está baseada no Bahrein. O bloqueio do local pode levar a uma disparada no preço do barril de petróleo, que desde o início do conflito já subiu 8%. A região também é a principal rota de exportação de produtos de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Iraque e Kuwait.

A medida é uma resposta aos ataques dos Estados Unidos contra as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan.

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, demonstrou preocupação com a possibilidade do fechamento do Estreito de Ormuz. Em entrevista ao programa Sunday Morning Futures with Maria Bartiromo, da Fox News, ele pediu que a China intervenha para evitar a ação.

“Eu incentivo o governo chinês em Pequim a contatá-los sobre isso, porque eles dependem fortemente do Estreito de Ormuz para seu petróleo”, disse Rubio.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou, também neste domingo (22), que os Estados Unidos “ultrapassaram uma linha vermelha” ao bombardear instalações nucleares no país e que são “totalmente responsáveis pelas consequências extremamente perigosas deste crime grave”.

Araqchi destacou que os ataques deste sábado (21), contra as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan são uma “grave violação da Carta da ONU e do direito internacional”. E disse que país convocou o Conselho de Segurança da ONU para uma reunião de emergência.

“Eles traíram a diplomacia, traíram as negociações. É irrelevante pedir ao Irã que retorne à diplomacia. O presidente dos Estados Unidos, [Donald] Trump, traiu não apenas o Irã, mas enganaram sua própria nação. Aguardem nossa resposta primeiro. Quando a agressão terminar, depois poderemos decidir sobre a diplomacia”, afirmou Araqchi.

A agência de notíciais Tasnim News informou que presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, conversou sobre o conflito com presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi. “Não iniciamos este conflito, nem desejamos prolongá-lo. No entanto, se a agressão persistir, responderemos de forma decisiva”, afirmou o iraniano. Pezeshkian deve se encontrar com o presidente Russo, Vladimir Putin, nesta segunda (23), pedindo intervenção no conflito.

Inércia internacional

O Ministério das Relações Exteriores do Irã, ainda afirma que ataque militar dos EUA às instalações nucleares “não é apenas uma violação flagrante e sem precedentes da Carta da ONU, mas também uma violação da Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU e um golpe devastador ao regime de não proliferação nuclear, cometido por um membro permanente do próprio Conselho de Segurança”.

E pediu atuação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que já declarou não haver provas de que o país persa esteja desenvolvendo armas em seu programa nuclear. “Apelamos ao Conselho de Governadores da AIEA para que convoque uma reunião de emergência e cumpra sua responsabilidade legal em relação ao perigoso ataque dos EUA às instalações nucleares pacíficas no Irã”, diz o ministério.

O ataque

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o ataque às instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan em sua rede, Truth Social, e depois fez um pronunciamento televisionado. “Trabalhamos para apagar, eliminar. Essa foi a defesa de milhares de pessoas que estão no Oriente Médio e no mundo todo. Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã”.

Porém, a assessoria de assuntos estratégicos do Parlamento do país persa afirmou que o ataque era esperado. “Do ponto de vista do Irã, nada de extraordinário aconteceu. O Irã já esperava um ataque a Fordow há várias noites. O local já foi evacuado há muito tempo e não sofreu danos irreparáveis no ataque”, afirmou a nota.

Ao menos 430 pessoas foram mortas e 3.500 ficaram feridas no Irã desde o início dos ataques de Israel, em 13 de junho. Em Israel foram relatadas 25 mortes em meio ao conflito.

Editado por: Rodrigo Gomes

FONTE: BdF

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